O vento cortava o silêncio do deserto. A areia, inquieta, dançava ao sabor das rajadas, e o sol, implacável, lançava seus raios sobre as pedras escaldantes. Não havia sombra, não havia refúgio. Apenas a vastidão seca e o silêncio que gritava verdades para quem tivesse coragem de ouvir.
Ali, no coração daquele ermo, Jesus caminhava. Seus passos firmes marcavam o pó, deixando para trás as pegadas de um homem que estava prestes a mudar o destino da humanidade. Mas antes que suas palavras ecoassem pelas vilas e montes, antes que suas mãos tocassem os enfermos e seus olhos vissem os corações dos homens, ele precisaria enfrentar o deserto – o lugar onde as vozes do medo, da dúvida e da tentação sussurram mais alto.
Foi o Espírito que o conduziu até lá, afastando-o do burburinho das cidades, das multidões e das distrações. Pois era necessário o silêncio. Um silêncio tão profundo que faria qualquer coração tremer, mas que para Ele seria o sussurro do Pai.
Ali, onde o mundo se reduz a calor e poeira, Deus falaria. Não com trovões ou raios, mas com a voz suave que apenas o Filho poderia ouvir. A mesma voz que criara os céus e a terra, que moldara o homem do pó e soprara nele o fôlego da vida.
Esses seriam os quarenta dias mais intensos de sua existência humana. Dias que o forjariam para a missão que mudaria o destino do mundo. Cada amanhecer seria um convite à comunhão, e cada pôr do sol, uma prova de sua entrega.
No deserto, o Filho ouviria a voz do Pai. E em meio à fome, ao calor e à solidão, ele aprenderia a ser o Cordeiro que tira o pecado do mundo.
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